Fator Nerd: contatos imediatos do 1º amor - Andy Robb

FATOR NERD: CONTATOS IMEDIATOS DO 1º AMOR
ANDY ROBB
Galera


Primeiro livro (Geekhood: Close Encounters of the Girl Kind, 304p.)  do autor que tive o prazer de ler e tive uma leitura agradável, onde nunca um fator nerd foi tão árduo de definir, ainda mais por ser tão controverso, mas se você ama qualquer assunto que goste de discorrer — livro, filme, seriado, música, games, etc. — ou aquilo que faz, então pode ser considerado um.

Aos 14 anos, Archie é um nerd encantadoramente inseguro, tímido e desajeitado que adora pintar miniaturas. Quer transcender juntamente com seus amigos — Matt, Beggsy e Ravi — como os heróis, os monstros e
os feitiços mágicos que utiliza no universo dos jogos de RPGs, seu passatempo predileto, mas jamais imaginaria em se entregar aos prazeres mundanos quando conheceu Sarah, uma bela gótica, durona e com um senso de humor sarcástico, que abalará suas certezas. A partir daí, ele terá o seu primeiro contato imediato com o amor.

MI: Não vamos nos esquecer da sua habilidade em citar Guerra nas Estrelas, de sua obsessão com livros de fantasia, sua inabilidade de passar por uma loja de quadrinhos sem comprar alguma coisa e sua falta de jeito com garotas. Ah, e você não gosta de futebol. Só estou dizendo.
Pág. 15

O Casebre, uma loja onde eles compram os utensílios para utilizar em suas batalhas, fez-me lembrar do Clube do Bolinha, onde as meninas não entram. No caso deles, as garotas nunca curtiram esse universo paralelo e nem ligavam ainda mais pelo que eles eram, já que nunca se expuseram a alguém do sexo oposto.

Mas pensando bem, sou um nerd, e nerds sabem que existem certas garotas que você não deve nem olhar — não deve nem reconhecer que existam. Porque se faz isso, seu coraçãozinho nerd vai se despedaçar com a compreensão de que basicamente nenhuma garota nunca, jamais, estará ao seu alcance.
Pág. 54

Archie leva uma vida normal em meio às incertezas e conflitos que todo adolescente vivencia.

Apesar de se importar e tentar uma aproximação para conhecê-lo melhor, seu padrasto Tony é um imbecil e tem o dom de irritá-lo profundamente, o que o torna insuportável, mas ele o respeita e o tolera por amor à mãe, que é movida a chá.

Nunca soube o motivo do divórcio dos pais, que reconstruiram suas vidas. O divórcio o afetou profundamente deixando-o ainda mais reservado e vulnerável, mas Archie não admite que ainda está sofrendo. Prefere reprimir seus sentimentos. Desde então, sente-se estranhamente vazio e zangado com os pais, mas após uma notícia surpreendente sente-se rejeitado, já que s
eu pai tem o talento de fazê-lo se sentir culpado por tudo. 

Além de perfeccionista e crítico consigo mesmo, Archie era forte e passional. Mesmo diante dos reveses da vida era alguém compassivo e incompreendido. Tinha dificuldade em se abrir, por isso desenvolveu um escudo protetor contra o mundo por conta de seus sofrimentos mais profundos, já que não quer escancará-los para não sair magoado.

Para isso, ele conta com a ajuda de seu subconsciente através de seus monólogos Interior (quer falar o que pensa, mas não consegue externar suas emoções reprimidas) e Exterior (mesmo não querendo, somente fala aquilo com o intuito de agradar ao próximo) para se livrar de algumas questões na vida, mas vive emocionalmente em conflito com seu MI — um dos momentos mais hilariantes do livro por seu jeito extrapolado e exagerado de ser. Adoro esses desabafos. —, que é o seu maior crítico. Já seu ME o faz sentir-se desajeitado e pateticamente idiota. Como se não bastasse estar à beira de um colapso, surge também o seu Eu Psíquico (que mostra tudo o que ele foi incapaz de agir e pensar), mas quem vencerá essa parada genial?

Está vulnerável porque tem medo de Sarah julgá-lo pelo que é. Em meio a muitos conflitos, se meterá numa encrenca ainda maior por sua causa. Imbuído da autoaversão e com a vida totalmente desestruturada quebra uma das principais regras nerds em relação às garotas. Seus amigos o apoiam ou o abandonam?

Um dia, decide utilizar as estratégias dos jogos para a atualidade a fim de enfrentar seu inimigo pelo amor da garota, já que John, um dos valentões do colégio, a quer a qualquer custo: doa a quem doer.

Apesar de ser um solitário, quando inspira confiança extrema, acaba desafiando o grupo de valentões, que tornam sua vida um verdadeiro inferno. Quem sairá vencedor nesta batalha épica?

Em outro mundo, sou um Mago Nível 5, capaz de invocar um exército de mortos-vivos para fazer o que mando. Neste aqui, sou um nerd com tanta chance de enfrentar esses imbecis quanto um peido de enfrentar um furacão.
Pág. 46

No meio dessa jornada de autoconhecimento, ganhará a batalha para conquistar o coração da amada tornando-a a Galadriel de seu Frodo, a Uhura de seu Spock, a Jane de seu Thor, a Lorelei de seu Namor ou a Mary Jane de seu Aranha?

A questão é que fui eu que errei. Sei que fui eu, mas fui longe demais para recuar. E parte de mim não consegue entender qual é o problema.
MI: Parte de você não quer entender qual é o problema...
Pág. 75

Em meio a sonhos, miniaturas, gárgulas, mudanças e muitas reviravoltas, tudo pode acontecer... Para melhor ou para pior? Você é quem faz o seu destino!

Mas estou cansado. Cansado demais para me punir por desmoronar como desmoronei. Cansado demais para tentar levantar mais uma vez meus escudos. Cansado demais para tentar religar meu MI na tomada.
Pág. 180

O final foi surpreendente e trouxe uma grande lição.

A capa é uma graça, com todos os ingredientes presentes na trama, mas me iludiu direitinho. Muitos leitores irão se identificar com os dramas vividos pelo protagonista. Com capítulos curtos, a escrita é deliciosa e envolvente em um enredo inteligente, divertido e introspectivo.

Amei as citações e referências simbólicas a vários filmes, livros, HQ’s e tudo relacionado ao universo nerd.

— Mas já li Harry Potter.
(...)
MI: QUE MELECA HÁ DE ERRADO COM VOCÊ? POR QUE NÃO GRITOU LOGO "EXPELLIARMUS" E A CONVIDOU PARA JOGAR UMA PARTIDA DE QUADRIBOL?
Pág. 50

Apesar de ser do gênero infantojuvenil, leitores de qualquer idade irão se identificar com este livro porque aborda questões bem atuais, entre elas: o bullying, o valor de uma amizade, a separação dos pais, a importância da família e do diálogo, a chegada da pré-adolescência, o amadurecimento, entre outros.

Mesmo sendo distintos, a essência deste livro me lembrou do romance Todo Dia, de David Levithan, também publicado pela Galera, mas a desconstrução de uma visão estereotipada acerca de um determinado assunto, neste caso em relação aos nerds e aos geeks, vale para profunda reflexão. Depois que lê-lo, você os enxergará sob uma nova perspectiva.


2 comentários:

  1. Ja adorei o livro!! Achei ele super fofo. Alem das citações literarias que ele faz ♥
    Adorando essa faze de autores publicando livros sobre nerds ou coisa do genero.


    xx

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  2. Obrigado por um adorável reiew! Estou tão feliz que você tenha gostado e esperamos que você aproveite a próxima ine tanto! Andy

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